Entrevista Inédita - Alamar Régis Carvalho


Alamar Régis Carvalho
Divulgador da Doutrina Espírita - São Paulo/SP

Wellerson Santos (Wellerson): Temos acompanhado o seu trabalho e você tem se dedicado à divulgação da Doutrina Espírita para que os postulados sejam corretamente difundidos. Observamos que, hoje, nos meios de comunicação, a proposta, também, se alarga. Contudo, o que notamos é que a mídia realiza essa divulgação sem o compromisso com os postulados kardequianos. Na sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens de uma divulgação feita dessa forma?

Alamar Régis Carvalho (Alamar): Esse é o problema da ignorância já efetivada pelas religiões tradicionais e convencionais. Tentaram fazer com que o público cresse numa cultura popular que diz ser tudo a mesma coisa. Para eles, Umbanda, Espiritismo, Cartomancia, Necromancia são sinônimos, o que é lamentável.
Tudo isso é produto, conforme dissemos, da ignorância, da má vontade e, diria, da falta de disposição para a honestidade, porque se realmente se preocupassem em pesquisar, estudar, seria muito diferente.
Nos dias de hoje, porém, isso tem mudado bastante. Nós vemos, por exemplo, a Rede Globo de Televisão dando uma orientação aos seus jornalistas e repórteres para que, quando forem dar a notícia de que alguém “morreu”, possam dá-la de forma diferente. Não ouvimos mais no Jornal Nacional: “morreu fulano, o sepultamento de fulano acontecerá no cemitério tal”. Agora é diferente: “o corpo de fulano será velado no cemitério tal”. Então, lentamente já há uma mudança.
Antigamente, há menos de uma década, todas as vezes que a Globo ou a Revista Veja enfocava algum assunto envolvendo mediunidade e reencarnação chamavam sempre o Padre Quevedo. Sempre tinham o Quevedo para dar a sua opinião, porque eles achavam que era ele quem sabia de tudo. Hoje, para desenvolver assuntos espíritas, ele não é mais convidado. Já há uma separação e uma evolução nesse ponto.
A mesma coisa quando nós nos atentamos às revistas: Veja, Isto É, Época. Elas já enfocam matérias espíritas. Espíritas, porque os jornalistas, hoje, estão tendo uma conscientização maior.
Agora, infelizmente, ainda há aquele jornalismo tendencioso, de pessoas que até sabem que não é a mesma coisa, mas que fazem de propósito, porque “dá Ibope”. Então, vemos a carência de ética do jornalista, por se deixar envolver pela sua filosofia religiosa particular.

Wellerson: Na sua opinião, qual é a frase que define Chico Xavier?

Alamar: A frase que nós temos visto aqui no III Congresso: O Chico Amor Xavier.
Eu acho maravilhosa essa frase e essa última, trazida pelo filme Chico Xavier, de Daniel Filho: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
A vida de Chico é tão grandiosa, tantos momentos maravilhosos, tantas frases chamativas para o nosso cotidiano, em toda a sua obra, nos seus mais de 400 livros, são tantos causos, que só vemos exemplos.
Então citar uma frase especificamente é muito complicado.

Wellerson: Nesses 92 anos de existência de Chico Xavier, qual é o episódio da vida dele que mais marcou você?

Alamar: O Chico tem uma característica muito interessante. Eu tenho observado que, no Movimento Espírita, há um esforço que as pessoas fazem em querer parecer humilde para os outros. O Chico não pareceu humilde, ele foi. Há uma diferença muito grande.
Quando perguntamos às pessoas: “e você, como vai?”, elas respondem “ah, eu estou melhor do que mereço!”. Isso não condiz com a sinceridade: para começar, ninguém pode estar melhor do que merece.
Então, nós ficamos naquela necessidade de mostrar que somos humildes.
“Eu devo ter sido alguma coisa que não presta na reencarnação passada”
– as pessoas dizem. É incrível, espírita só foi coisa que não presta na reencarnação passada. Nunca vi um espírita dizer que foi alguém que trabalhou, que auxiliou em reencarnação passada.
O Chico viveu a humildade, falava daquele jeito, com aquela ternura, não apenas dentro da casa espírita. Ele vivenciava e falava daquele jeito em todos os lugares.
Quando ele dizia que se considerava um cisco, era a sua visão intergaláctica, em relação a um Universo que se mede em Anos-Luz. Ele se considerava um cisco, mas não que ele se desmerecesse, se considerasse um homem sem valor nenhum, porque ele estaria sendo demagogo, até extremamente hipócrita, porque um homem que fez o que ele fez sabe do seu valor.
Ele conseguiu se impor, sem impor nada aos outros, sem impor fé, sem tentar converter ninguém.
Muito pelo contrário, Chico falava respeitosamente em relação à Igreja Católica, que tanto o combateu – não foi toda a Igreja –, parte da Igreja, mas ele sempre agia com carinho quando era atacado e falava com naturalidade e Amor. E, sobretudo, sem mostrar. Sem querer dizer: “estão
vendo, estão me batendo e eu estou dando a outra face”. Nada disso.
O que precisamos no Movimento Espírita, em especial, é nos atentarmos para este detalhe: separar a humildade autêntica da humildade teatralizada. Essa humildade não tem vez!

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