Por volta do ano 45 de nossa Era, nas cercanias de Peloponeso, em Corinto, na Grécia, nascia o nosso querido mentor: Glacus Flaminius. Com vinte e cinco anos de idade, o jovem Glacus já era doutor, dominando as Ciências Médicas daquela época, sendo levado por volta do ano 70 para Roma a fim de realizar o seu trabalho, numa região chamada Aquilino.
Neste tempo, Glacus chamava a atenção com sua terapêutica, pois em seu receituário usava como medicação algumas infusões e também o exercício de imposição das mãos sobre os enfermos. Além disso, o médico adotava práticas não convencionais, porque atendia intensamente os pobres, sem nada cobrar. Essa conduta desgostava a classe médica, e consta que a mesma mobilizou-se para eliminá-lo.
Numa manhã úmida do final do ano 79, a residência de Glacus Flaminius foi invadida pelos malfeitores, e ele foi então morto com lâminas frias. Desencarnava precocemente, aos trinta e quatro anos de idade.
É certo que Glacus teve outras reencarnações no transcorrer do seu processo evolutivo. Porém, pelo que temos notícias, ele irá reencarnar nos primeiros decênios do século XIV, por volta do ano 1500, novamente como médico, de nome Garcez, na Espanha. Em outra encarnação, o valoroso Espírito viveu no Rio de Janeiro, como médico sanitarista, na época de Estácio de Sá, quando combateu duramente a febre amarela. E no início do século XIX, registramos o nosso irmão Glacus vivendo outra existência, dessa vez em Florença, desempenhando tarefas administrativas na área das Ciências Sociais.
Por volta do ano de 1943, em certa madrugada, na casa do senhor Ênio, um enorme clarão se fez no quarto onde este dormia com seu irmão. Era o nosso querido irmão Glacus que se apresentava para o trabalho que deveria empreender junto à seara de Jesus.
Em suas várias comunicações podemos perceber o amor que sente por todos nós, freqüentadores, tarefeiros, amigos da Fraternidade Espírita Irmão Glacus. É um espírito que realmente deixou o Evangelho de Jesus brotar em seu coração tornando-se assim um grande semeador, arrebanhando espíritos para o trabalho edificante.
Wellerson Santos (Wellerson): Segundo relatos, inclusive feitos pelo senhor, Glacus Flaminius teria tido uma encarnação em Corinto, tendo nascido por volta do ano 45 da nossa era. Tem-se notícia de seus pais? Se ele foi casado ou se teve filhos? Se teve irmãos? Como era sua vida no seio familiar?
Ênio Wendling (Ênio): Uma boa e oportuna pergunta. O Glacus, desde a feliz oportunidade que tive de vê-lo pela primeira vez, não se referiu ao assunto. Era mais ou menos duas horas da manhã quando ele adentrou pelo meu quarto, parando à minha esquerda. Não era a claridade da luz da cozinha que vinha entrando em meu quarto, era a luz dele. O Werley, meu irmão, dormia na cama ao meu lado. E ele, Glacus, nos saudou dizendo: “Meu caro amigo e irmão, Deus nos ofereceu a oportunidade de nos reencontrarmos e nessa oportunidade ficarmos frente a frente. Eu sei que o nosso irmão encontra-se reencarnado há quase 20 anos. Eu me chamo Glacus Flaminius. Fomos médicos e nas oportunidades de evolução coube a cada um de nós seguir a sua estrada e hoje reencontro o amigo e irmão na tarefa do Evangelho. Esperamos muito do nosso querido irmão.” E foi diluindo. O Werley, meu irmão, havia acordado e ouviu. Perguntou: “Você está conversando com quem?” E eu respondi: “Nem te falo, porque você não ia entender.” Para minha surpresa, eu pensei de não dormir o resto da noite, mas dormi e acordei no horário do meu serviço, às 6:00 horas da manhã. Levantei-me e narrei o ocorrido a minha mãe, que já era médium no Centro Espírita Oriente. Mas desde este dia, conforme já disse, nunca o nosso Irmão Glacus se referiu a nenhum dos seus familiares daquela época. Porque os teve, naturalmente. E agora, frente a pergunta, o nosso Irmão Glacus nos informa: “Quando em Corinto, no Peloponeso, na Grécia, formando em Medicina, frente ao Domínio Romano da época, fui guindado a servir em Roma, em nome do então Imperador Vespasiano. E o nosso amigo, hoje Ênio, que está nas fileiras da doutrina imortalizante, tem cumprido dentro do possível os seus compromissos. Estou feliz.” Ele parou de falar... [informou o Ênio]. Os familiares se perderam ou distanciaram pelas circunstâncias do Império Romano. Os familiares foram arrebatados para outras obrigações. Ele não disse forçado, mas foram forçados. E nos diz agora: “Alguns deles, pela bondade superior dos amigos espirituais, se encontram em agremiações espíritas como a nossa, que tão bem os irmãos cuidam em nome do Cristo. Proporcionando ao viandante do caminho aquilo que o meu coração e o meu espírito intensamente desejava, cujo início datou da oportunidade do Aquilino em Roma.” Ele foi médico. E estava utilizando-se da Medicina de uma forma que contrariava a classe privilegiada.
Algo muito interessante que ele nos conta é que quando foi para Alexandria, pôde ver, indo em várias cidades, no sul do Cairo, na área de Mênfis, a cidade coberta que os egiptólogos franceses vieram a descobrir a oito ou dez anos atrás. Diz ele que quando embarcou para Alexandria, no Egito, ele olhava a tarde da cidade litorânea da Península Italiana. O céu começou a ficar rubro e as montanhas começaram a rugir. Quando ele estava em alto mar viu clarões no céu da cidade e veio o Vesúvio que sepultou toda a cidade. E ele escapou. Ele presenciou o fenômeno e isso nos relatou. Mas sobre a sua família não nos disse muito porque muitos dos seus familiares ainda estão reajustando e não foram tão felizes como ele.
Wellerson: Nesta época em que ele viveu, se nós fizermos uma análise bíblica, muitos dos apóstolos de Jesus realizavam o seu trabalho de divulgação da Boa Nova. Glacus teve oportunidade de conhecer algum deles? Como foi que ele se tornou cristão?
Ênio: Ele também não se refere a isso. Mas sentia que a representatividade do Cristo era uma novidade para muitos no Aquilino, mas para ele já era um sentimento que ia em seu espírito. Por isso é que ele abraçou a tarefa da Medicina em favor da grande massa de criaturas que carecia de cuidados elementares, de cuidados médicos que na época ele possuía.
Wellerson: Mais tarde, por volta do ano 1500, conforme também relato espiritual feito pelo senhor, ele teria reencarnado na Espanha com o nome de Garcez. Segundo consta, depois da morte do Doutor Olviedo de Sarraceno, ele foi trabalhar junto à corte de Carlos V. Tem-se notícia de como foi sua vida neste período? Quais os trabalhos que realizava? Foi casado? Teve filhos? Como foi o seu desencarne? O senhor estaria autorizado a nos falar um pouco mais sobre esta existência do nosso irmão?
Ênio: Não. Mas é muito bom para mim saber desse desejo de vocês e depois sentir com ele. Ele já está sabendo do desejo de vocês, mas vocês estão fazendo agora a pergunta publicamente a nós. Consta que na região de La Valeta, perto de Gibraltar, deu a peste negra que dizimou grande quantidade de pessoas, incluindo os mouros que já ousavam adentrar o continente através da Península Ibérica. E ele, Glacus, agora como Garcez, ficamos sabendo – ele não nos falou –, ficou imune, porque já tinha belas conquistas espirituais. Enquanto que o doutor Olviedo de Sarraceno, que era eu na encarnação anterior, desencarnou vítima da peste. O desencarne do doutor Garcez foi de morte natural.
Wellerson: Em uma de suas reencarnações, Glacus viveu aqui no Brasil. Teria trabalhado com o nobre Estácio de Sá. Seria permitido o relato de seu nome e de sua história nesta época?
Ênio: Montezuma foi Aarão Reis. O Glacus reencarnou no Brasil e o seu nome é para ficar no anonimato. O Chico não falava de André Luiz. Então fica uma grande lacuna para nós. Vou ver se eu tenho tempo nesta reencarnação de colher mais informações sobre este assunto, porque eu tenho certeza que o Glacus não vai passar isso para nós. Teríamos que ver com o nosso irmão Palminha ou José Grosso.
Wellerson: Por fim, reencarnou em Florença no século XIX. Haveria algum relato que o senhor poderia nos fazer sobre esta existência?
Ênio: O nosso Glacus, juntamente com Léon Denis, viajou para Paris, na França. E ficaram conhecendo o professor Hypollyte Leon Denizard Rivail, que mais tarde ficou conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec. Esse encontro aconteceu porque o Plano Espiritual já o havia programado. E o nosso querido mentor Glacus, conhecendo-o, abraçou com facilidade os conceitos de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Kardec, com sua autoridade, pediu a ele para que quando regressasse a Florença pudesse ajudar na divulgação do livro espírita na Itália. Ele levou para Florença as obras e teve que escondê-las, porque viu homens e mulheres sendo enforcados em nome desta doutrina que surgia e soube dos livros que já haviam sido queimados em praça pública em Barcelona, na Espanha. Pelas minhas lembranças foi mais ou menos assim o que ocorreu.
Wellerson: Nesta reencarnação, quando viveu em Florença, pelo que o senhor nos diz na resposta anterior, estando em Paris ele teve oportunidade de ter conhecido o codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, bem como um dos maiores trabalhadores para a divulgação do Espiritismo, Léon Denis. Como foi esse encontro?
Ênio: Foi uma viagem de carruagem pelas estradas da Teotônia, Germânica, Alemanha, e não teve dificuldade alguma. As estradas eram acanhadas para a época, mas não foi dificultoso o acesso. Chegando a Paris, foi Amelie Gabrielle Boudet, a senhora Allan Kardec, quem recebeu os dois. Pediram para entrar, entraram e esperaram. O nosso irmão Kardec, nesta época, estava muito preocupado porque os cientistas ateus estavam combatendo os seus livros. Conversaram muito, e Glacus logo depreendeu que estava no lugar certo, para falar com a pessoa certa, sobre os problemas transcendentais da alma. Logo depois ele voltou para Florença e continuou o seu trabalho de assistência médica em favor dos mais necessitados. Nessa época ele fez a divulgação da doutrina.
Wellerson: O senhor poderia descrevê-lo em sua aparência? Como ele se apresenta no Plano Espiritual?
Ênio: O Glacus aparenta ter no Plano Espiritual uns 59 para 60 anos, sendo que seu perispírito tem se rejuvenescido nos últimos tempos. Ele é alto, claro, vasta cabeleira grisalha, o rosto liso. Calça geralmente cinza, usando também um jaleco. Tem momentos em que fica luminescente. Possui os olhos claros, ampla testa, pele romana. Por naturalidade é um espírito muito simpático.
Wellerson: Teria algum relato que o senhor gostaria de fazer em relação ao nosso Mentor? Algo de importância e relevância para o nosso trabalho?
Ênio: Houve uma reunião de médicos no Plano Espiritual. Seria um Concílio. Glacus, que já possuía muitos méritos, seria o indicado naquela reunião para realizar uma tarefa no Terceiro Mundo, aqui no Brasil. Na reunião foi informado de que ele ia ser homenageado. A seu ver ele não estava a altura, pois está caminhando como todos nós. Porém, para sua surpresa, ele ficou sabendo através do departamento da Colônia Nosso Lar que o seu nome ia ser indicado para que fulgurasse numa das instituições nos céus do Brasil. E no Plano Espiritual a nossa Irmã Veneranda disse: “Decidimos fraternalmente que a instituição vai aparecer na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, no Brasil. Ismael já está de acordo e o guia espiritual está presente e feliz. O nosso irmão vai ter o seu nome em uma instituição filantrópica.” Saía luzes dos lábios de Veneranda.
Para não perder minha existência, para deixar de fazer confusões e de aproveitar indefinidamente, fui localizado, conduzido e ajudado pelos espíritos. Teria a primeira manifestação com um pouco acima de dez anos de idade. Com dezessete anos desabrocharia a mediunidade do receituário e da vidência mais aflorada, da psicofonia. O coração, um pouco mais evangelizado.
Glacus concordou com a sua missão e orou intensamente a Deus, ao Mais Alto, por mim, que estava muito doente. De suas faces saíram lagrimas cristalinas. E fazendo uma cirurgia, melhorei e comecei a trabalhar na seara do Cristo intensamente.
Depois de algum tempo começaram a surgir os Grupos de Fraternidade. Os espíritos alemães vieram para o Brasil e demonstraram o anseio de construir uma cidade, que ficaria conhecida sob o nome de Cidade da Fraternidade. Nesta época, a OSCAL – Organização Social Cristã André Luiz tinha cento e dois grupos filiados a ela, inclusive o Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, que freqüentávamos. E neste momento eu me desobriguei das atividades relativas a esta casa.
E Glacus disse humildemente: “Eu me dispus a trabalhar não só junto ao médium quanto à mediunidade em si, principalmente do receituário, sabedor de que surgiria uma casa em nossa simples personalidade, com o meu nome, me homenageando, mesmo sabendo não ser merecedor.”
Eu particularmente fiquei muito alegre e satisfeito quando colocaram o nome dele no Grupo da Fraternidade Espírita em Colatina no Espírito Santo. Infelizmente não pudemos dar muita atenção porque era longe, mas acredito que deva existir até hoje.
Certa ocasião eu vinha de trem, juntamente com o senhor Jair Soares e o doutor Lídio Diniz, do Grupo da Fraternidade de Vitória e de Cachoeira do Itapemirim quando passamos por uma cidade de trem.
Nesta oportunidade conheci Maria Lourdes Silva. Era uma jovem senhora freqüentadora do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Glacus de Colatina. Ela havia feito o Hino ao Glacus. Quando ela estava lendo a letra, eu senti uma paz indescritível, e o nosso Irmão Glacus se apresentou de novo. Suave, sorridente, o rosto dele era só contentamento. E deu-nos o hino de presente.
Wellerson: Na atualidade, como Glacus se sente trabalhando na seara espírita tendo conhecido o insigne Mestre Allan Kardec? Para ele, qual o significado desta obra grandiosa que é esta instituição que leva o seu nome?
Ênio: Ele sente como uma grande oportunidade de trabalho, oportunidade esta que proporciona ao seu espírito ainda necessitado uma grande felicidade interior. Se sente ainda como se estivesse dentro de uma seqüência de evolução que um dia permitirá a ele viver integrado com a luz da misericórdia de Jesus e da Espiritualidade Amiga e Superior. Ele não tinha cajado, mas apoiou-se na grande boa vontade. Dentro do desejo do porquê da vida buscou o mecanismo de evolução que nos impulsiona para a luz, para o crescimento espiritual. Esta instituição traz a ele a oportunidade não só de redimir, tanto quanto para avançar rumo à luz. Que ele possa na caminhada milenária continuar sob os auspícios da misericórdia de Deus.
Por felicidade ainda, ele se encontra junto a corações amigos de ontem, de hoje, integrado no núcleo, na casa, na base da bondade dos cooperadores cuja bondade o anima para a caminhada continuamente. E não esquece jamais toda esta bondade da maioria de todos aqueles que desde a primeira hora buscaram homenageá-lo com o nome de Amigo da Espiritualidade Superior.
“Desejo sim viver no amanhã, na luz do Senhor e na oportunidade dos milênios que Deus me deu, que um dia possa me sentir integrado em todo o seu amor – Deus.”
Agradeço o carinho e atenção com que fui recebido na residência do nosso querido e dedicado irmão Ênio a fim de realizarmos esta entrevista. Rogo a Deus, a Jesus e ao nosso querido Irmão Glacus que continuem amparando-o em sua marcha evolutiva, para que ele possa cumprir, conforme vem cumprindo, a sua missão.
Que Jesus nos abençoe!
Neste tempo, Glacus chamava a atenção com sua terapêutica, pois em seu receituário usava como medicação algumas infusões e também o exercício de imposição das mãos sobre os enfermos. Além disso, o médico adotava práticas não convencionais, porque atendia intensamente os pobres, sem nada cobrar. Essa conduta desgostava a classe médica, e consta que a mesma mobilizou-se para eliminá-lo.
Numa manhã úmida do final do ano 79, a residência de Glacus Flaminius foi invadida pelos malfeitores, e ele foi então morto com lâminas frias. Desencarnava precocemente, aos trinta e quatro anos de idade.
É certo que Glacus teve outras reencarnações no transcorrer do seu processo evolutivo. Porém, pelo que temos notícias, ele irá reencarnar nos primeiros decênios do século XIV, por volta do ano 1500, novamente como médico, de nome Garcez, na Espanha. Em outra encarnação, o valoroso Espírito viveu no Rio de Janeiro, como médico sanitarista, na época de Estácio de Sá, quando combateu duramente a febre amarela. E no início do século XIX, registramos o nosso irmão Glacus vivendo outra existência, dessa vez em Florença, desempenhando tarefas administrativas na área das Ciências Sociais.
Por volta do ano de 1943, em certa madrugada, na casa do senhor Ênio, um enorme clarão se fez no quarto onde este dormia com seu irmão. Era o nosso querido irmão Glacus que se apresentava para o trabalho que deveria empreender junto à seara de Jesus.
Em suas várias comunicações podemos perceber o amor que sente por todos nós, freqüentadores, tarefeiros, amigos da Fraternidade Espírita Irmão Glacus. É um espírito que realmente deixou o Evangelho de Jesus brotar em seu coração tornando-se assim um grande semeador, arrebanhando espíritos para o trabalho edificante.
Wellerson Santos (Wellerson): Segundo relatos, inclusive feitos pelo senhor, Glacus Flaminius teria tido uma encarnação em Corinto, tendo nascido por volta do ano 45 da nossa era. Tem-se notícia de seus pais? Se ele foi casado ou se teve filhos? Se teve irmãos? Como era sua vida no seio familiar?
Ênio Wendling (Ênio): Uma boa e oportuna pergunta. O Glacus, desde a feliz oportunidade que tive de vê-lo pela primeira vez, não se referiu ao assunto. Era mais ou menos duas horas da manhã quando ele adentrou pelo meu quarto, parando à minha esquerda. Não era a claridade da luz da cozinha que vinha entrando em meu quarto, era a luz dele. O Werley, meu irmão, dormia na cama ao meu lado. E ele, Glacus, nos saudou dizendo: “Meu caro amigo e irmão, Deus nos ofereceu a oportunidade de nos reencontrarmos e nessa oportunidade ficarmos frente a frente. Eu sei que o nosso irmão encontra-se reencarnado há quase 20 anos. Eu me chamo Glacus Flaminius. Fomos médicos e nas oportunidades de evolução coube a cada um de nós seguir a sua estrada e hoje reencontro o amigo e irmão na tarefa do Evangelho. Esperamos muito do nosso querido irmão.” E foi diluindo. O Werley, meu irmão, havia acordado e ouviu. Perguntou: “Você está conversando com quem?” E eu respondi: “Nem te falo, porque você não ia entender.” Para minha surpresa, eu pensei de não dormir o resto da noite, mas dormi e acordei no horário do meu serviço, às 6:00 horas da manhã. Levantei-me e narrei o ocorrido a minha mãe, que já era médium no Centro Espírita Oriente. Mas desde este dia, conforme já disse, nunca o nosso Irmão Glacus se referiu a nenhum dos seus familiares daquela época. Porque os teve, naturalmente. E agora, frente a pergunta, o nosso Irmão Glacus nos informa: “Quando em Corinto, no Peloponeso, na Grécia, formando em Medicina, frente ao Domínio Romano da época, fui guindado a servir em Roma, em nome do então Imperador Vespasiano. E o nosso amigo, hoje Ênio, que está nas fileiras da doutrina imortalizante, tem cumprido dentro do possível os seus compromissos. Estou feliz.” Ele parou de falar... [informou o Ênio]. Os familiares se perderam ou distanciaram pelas circunstâncias do Império Romano. Os familiares foram arrebatados para outras obrigações. Ele não disse forçado, mas foram forçados. E nos diz agora: “Alguns deles, pela bondade superior dos amigos espirituais, se encontram em agremiações espíritas como a nossa, que tão bem os irmãos cuidam em nome do Cristo. Proporcionando ao viandante do caminho aquilo que o meu coração e o meu espírito intensamente desejava, cujo início datou da oportunidade do Aquilino em Roma.” Ele foi médico. E estava utilizando-se da Medicina de uma forma que contrariava a classe privilegiada.
Algo muito interessante que ele nos conta é que quando foi para Alexandria, pôde ver, indo em várias cidades, no sul do Cairo, na área de Mênfis, a cidade coberta que os egiptólogos franceses vieram a descobrir a oito ou dez anos atrás. Diz ele que quando embarcou para Alexandria, no Egito, ele olhava a tarde da cidade litorânea da Península Italiana. O céu começou a ficar rubro e as montanhas começaram a rugir. Quando ele estava em alto mar viu clarões no céu da cidade e veio o Vesúvio que sepultou toda a cidade. E ele escapou. Ele presenciou o fenômeno e isso nos relatou. Mas sobre a sua família não nos disse muito porque muitos dos seus familiares ainda estão reajustando e não foram tão felizes como ele.
Wellerson: Nesta época em que ele viveu, se nós fizermos uma análise bíblica, muitos dos apóstolos de Jesus realizavam o seu trabalho de divulgação da Boa Nova. Glacus teve oportunidade de conhecer algum deles? Como foi que ele se tornou cristão?
Ênio: Ele também não se refere a isso. Mas sentia que a representatividade do Cristo era uma novidade para muitos no Aquilino, mas para ele já era um sentimento que ia em seu espírito. Por isso é que ele abraçou a tarefa da Medicina em favor da grande massa de criaturas que carecia de cuidados elementares, de cuidados médicos que na época ele possuía.
Wellerson: Mais tarde, por volta do ano 1500, conforme também relato espiritual feito pelo senhor, ele teria reencarnado na Espanha com o nome de Garcez. Segundo consta, depois da morte do Doutor Olviedo de Sarraceno, ele foi trabalhar junto à corte de Carlos V. Tem-se notícia de como foi sua vida neste período? Quais os trabalhos que realizava? Foi casado? Teve filhos? Como foi o seu desencarne? O senhor estaria autorizado a nos falar um pouco mais sobre esta existência do nosso irmão?
Ênio: Não. Mas é muito bom para mim saber desse desejo de vocês e depois sentir com ele. Ele já está sabendo do desejo de vocês, mas vocês estão fazendo agora a pergunta publicamente a nós. Consta que na região de La Valeta, perto de Gibraltar, deu a peste negra que dizimou grande quantidade de pessoas, incluindo os mouros que já ousavam adentrar o continente através da Península Ibérica. E ele, Glacus, agora como Garcez, ficamos sabendo – ele não nos falou –, ficou imune, porque já tinha belas conquistas espirituais. Enquanto que o doutor Olviedo de Sarraceno, que era eu na encarnação anterior, desencarnou vítima da peste. O desencarne do doutor Garcez foi de morte natural.
Wellerson: Em uma de suas reencarnações, Glacus viveu aqui no Brasil. Teria trabalhado com o nobre Estácio de Sá. Seria permitido o relato de seu nome e de sua história nesta época?
Ênio: Montezuma foi Aarão Reis. O Glacus reencarnou no Brasil e o seu nome é para ficar no anonimato. O Chico não falava de André Luiz. Então fica uma grande lacuna para nós. Vou ver se eu tenho tempo nesta reencarnação de colher mais informações sobre este assunto, porque eu tenho certeza que o Glacus não vai passar isso para nós. Teríamos que ver com o nosso irmão Palminha ou José Grosso.
Wellerson: Por fim, reencarnou em Florença no século XIX. Haveria algum relato que o senhor poderia nos fazer sobre esta existência?
Ênio: O nosso Glacus, juntamente com Léon Denis, viajou para Paris, na França. E ficaram conhecendo o professor Hypollyte Leon Denizard Rivail, que mais tarde ficou conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec. Esse encontro aconteceu porque o Plano Espiritual já o havia programado. E o nosso querido mentor Glacus, conhecendo-o, abraçou com facilidade os conceitos de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Kardec, com sua autoridade, pediu a ele para que quando regressasse a Florença pudesse ajudar na divulgação do livro espírita na Itália. Ele levou para Florença as obras e teve que escondê-las, porque viu homens e mulheres sendo enforcados em nome desta doutrina que surgia e soube dos livros que já haviam sido queimados em praça pública em Barcelona, na Espanha. Pelas minhas lembranças foi mais ou menos assim o que ocorreu.
Wellerson: Nesta reencarnação, quando viveu em Florença, pelo que o senhor nos diz na resposta anterior, estando em Paris ele teve oportunidade de ter conhecido o codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, bem como um dos maiores trabalhadores para a divulgação do Espiritismo, Léon Denis. Como foi esse encontro?
Ênio: Foi uma viagem de carruagem pelas estradas da Teotônia, Germânica, Alemanha, e não teve dificuldade alguma. As estradas eram acanhadas para a época, mas não foi dificultoso o acesso. Chegando a Paris, foi Amelie Gabrielle Boudet, a senhora Allan Kardec, quem recebeu os dois. Pediram para entrar, entraram e esperaram. O nosso irmão Kardec, nesta época, estava muito preocupado porque os cientistas ateus estavam combatendo os seus livros. Conversaram muito, e Glacus logo depreendeu que estava no lugar certo, para falar com a pessoa certa, sobre os problemas transcendentais da alma. Logo depois ele voltou para Florença e continuou o seu trabalho de assistência médica em favor dos mais necessitados. Nessa época ele fez a divulgação da doutrina.
Wellerson: O senhor poderia descrevê-lo em sua aparência? Como ele se apresenta no Plano Espiritual?
Ênio: O Glacus aparenta ter no Plano Espiritual uns 59 para 60 anos, sendo que seu perispírito tem se rejuvenescido nos últimos tempos. Ele é alto, claro, vasta cabeleira grisalha, o rosto liso. Calça geralmente cinza, usando também um jaleco. Tem momentos em que fica luminescente. Possui os olhos claros, ampla testa, pele romana. Por naturalidade é um espírito muito simpático.
Wellerson: Teria algum relato que o senhor gostaria de fazer em relação ao nosso Mentor? Algo de importância e relevância para o nosso trabalho?
Ênio: Houve uma reunião de médicos no Plano Espiritual. Seria um Concílio. Glacus, que já possuía muitos méritos, seria o indicado naquela reunião para realizar uma tarefa no Terceiro Mundo, aqui no Brasil. Na reunião foi informado de que ele ia ser homenageado. A seu ver ele não estava a altura, pois está caminhando como todos nós. Porém, para sua surpresa, ele ficou sabendo através do departamento da Colônia Nosso Lar que o seu nome ia ser indicado para que fulgurasse numa das instituições nos céus do Brasil. E no Plano Espiritual a nossa Irmã Veneranda disse: “Decidimos fraternalmente que a instituição vai aparecer na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, no Brasil. Ismael já está de acordo e o guia espiritual está presente e feliz. O nosso irmão vai ter o seu nome em uma instituição filantrópica.” Saía luzes dos lábios de Veneranda.
Para não perder minha existência, para deixar de fazer confusões e de aproveitar indefinidamente, fui localizado, conduzido e ajudado pelos espíritos. Teria a primeira manifestação com um pouco acima de dez anos de idade. Com dezessete anos desabrocharia a mediunidade do receituário e da vidência mais aflorada, da psicofonia. O coração, um pouco mais evangelizado.
Glacus concordou com a sua missão e orou intensamente a Deus, ao Mais Alto, por mim, que estava muito doente. De suas faces saíram lagrimas cristalinas. E fazendo uma cirurgia, melhorei e comecei a trabalhar na seara do Cristo intensamente.
Depois de algum tempo começaram a surgir os Grupos de Fraternidade. Os espíritos alemães vieram para o Brasil e demonstraram o anseio de construir uma cidade, que ficaria conhecida sob o nome de Cidade da Fraternidade. Nesta época, a OSCAL – Organização Social Cristã André Luiz tinha cento e dois grupos filiados a ela, inclusive o Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, que freqüentávamos. E neste momento eu me desobriguei das atividades relativas a esta casa.
E Glacus disse humildemente: “Eu me dispus a trabalhar não só junto ao médium quanto à mediunidade em si, principalmente do receituário, sabedor de que surgiria uma casa em nossa simples personalidade, com o meu nome, me homenageando, mesmo sabendo não ser merecedor.”
Eu particularmente fiquei muito alegre e satisfeito quando colocaram o nome dele no Grupo da Fraternidade Espírita em Colatina no Espírito Santo. Infelizmente não pudemos dar muita atenção porque era longe, mas acredito que deva existir até hoje.
Certa ocasião eu vinha de trem, juntamente com o senhor Jair Soares e o doutor Lídio Diniz, do Grupo da Fraternidade de Vitória e de Cachoeira do Itapemirim quando passamos por uma cidade de trem.
Nesta oportunidade conheci Maria Lourdes Silva. Era uma jovem senhora freqüentadora do Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Glacus de Colatina. Ela havia feito o Hino ao Glacus. Quando ela estava lendo a letra, eu senti uma paz indescritível, e o nosso Irmão Glacus se apresentou de novo. Suave, sorridente, o rosto dele era só contentamento. E deu-nos o hino de presente.
Wellerson: Na atualidade, como Glacus se sente trabalhando na seara espírita tendo conhecido o insigne Mestre Allan Kardec? Para ele, qual o significado desta obra grandiosa que é esta instituição que leva o seu nome?
Ênio: Ele sente como uma grande oportunidade de trabalho, oportunidade esta que proporciona ao seu espírito ainda necessitado uma grande felicidade interior. Se sente ainda como se estivesse dentro de uma seqüência de evolução que um dia permitirá a ele viver integrado com a luz da misericórdia de Jesus e da Espiritualidade Amiga e Superior. Ele não tinha cajado, mas apoiou-se na grande boa vontade. Dentro do desejo do porquê da vida buscou o mecanismo de evolução que nos impulsiona para a luz, para o crescimento espiritual. Esta instituição traz a ele a oportunidade não só de redimir, tanto quanto para avançar rumo à luz. Que ele possa na caminhada milenária continuar sob os auspícios da misericórdia de Deus.
Por felicidade ainda, ele se encontra junto a corações amigos de ontem, de hoje, integrado no núcleo, na casa, na base da bondade dos cooperadores cuja bondade o anima para a caminhada continuamente. E não esquece jamais toda esta bondade da maioria de todos aqueles que desde a primeira hora buscaram homenageá-lo com o nome de Amigo da Espiritualidade Superior.
“Desejo sim viver no amanhã, na luz do Senhor e na oportunidade dos milênios que Deus me deu, que um dia possa me sentir integrado em todo o seu amor – Deus.”
Agradeço o carinho e atenção com que fui recebido na residência do nosso querido e dedicado irmão Ênio a fim de realizarmos esta entrevista. Rogo a Deus, a Jesus e ao nosso querido Irmão Glacus que continuem amparando-o em sua marcha evolutiva, para que ele possa cumprir, conforme vem cumprindo, a sua missão.
Que Jesus nos abençoe!
Wellerson Santos
(Esta entrevista foi publicada pelo jornal Evangelho e Ação - Órgão de Divulgação da Fraternidade Espírita Irmão Glacus)
(Esta entrevista foi publicada pelo jornal Evangelho e Ação - Órgão de Divulgação da Fraternidade Espírita Irmão Glacus)
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