Homenagem: José de Alencar

José Alencar Gomes da Silva

Vice-Presidente da República

“Ao se comemorar o Centenário de seu nascimento, tudo que se diga e agregue a respeito de Chico Xavier é muito pouco diante do seu grande exemplo de fraternidade e da postura eminentemente cristã em favor dos mais humildes, dos aflitos e carentes de solidariedade.”

Minha primeira palavra é de agradecimento profundo, com humildade – eu tenho pedido muito a Deus para que me dê humildade – porque, também, humildade era a marca de Chico Xavier. Chico Xavier era a própria humildade, daí a razão pela qual ele alcançou toda essa grandeza nacional.

Há uma palavra de Cervantes que diz assim: “A humildade é a mais importante de todas as virtudes e tão importante que, sem ela, não há virtude que o seja”.

Repito, eu não poderia deixar de trazer aqui esta mensagem para dizer que eu, como cidadão brasileiro, também de Minas Gerais, acompanhei sempre, ainda que à distância, o trabalho admirável realizado por Chico Xavier.

Hoje, nós estamos aqui comemorando o seu Centenário. Conversando ontem com o Presidente Lula, ele me pediu para que trouxesse o seu abraço a todos vocês e disse que, também, participa, de coração desta homenagem que o Brasil presta hoje a Chico Xavier.

Serão breves as minhas palavras. Desejo apenas expressar a minha grande satisfação pelo honroso convite da Federação Espírita Brasileira para participar desta sessão inaugural do III Congresso Espírita Brasileiro, que reúne compatriotas de vários Estados e que tem como ponto principal homenagear a memória do ilustre mineiro Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, no Centenário de seu nascimento.

Congratulo-me com a FEB por sua iniciativa e pela realização desse magno evento, cuja referência atemporal há de se perpetuar em nossa memória com o lançamento do selo comemorativo pelos Correios e da moeda alusiva à efeméride pela Casa da Moeda do Brasil.

Como mineiro, como cristão, considero esta uma ocasião realmente excepcional, quando, durante três dias, sob vários aspectos, proceder-se-á ao estudo da vida e da obra desse notável homem de Minas, indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 1981, e eleito o Mineiro do Século XX em pesquisa pública no ano 2000. Seu caráter inconfundível, pautado pela humildade e pela simplicidade, serve de referência à ética para muitos e muitos anos.

Ao se comemorar o Centenário de seu nascimento, tudo que se diga e agregue a respeito de Chico Xavier é muito pouco diante do seu grande exemplo de fraternidade e da postura eminentemente cristã em favor dos mais humildes, dos aflitos e carentes de solidariedade. Sua existência entre nós, ao longo de 92 anos, insere-se com letras maiúsculas no Panteão Universal, em que já se encontram os trabalhos e os nomes de tantos homens notáveis, que fizeram de suas vidas verdadeiros exemplos evangélicos de abnegação e de altruísmo.

Na mensagem que enviei à Câmara de Deputados desta semana, ao ensejo da sessão solene aqui realizada no dia 13 de abril, do ano corrente, com o propósito de homenagear o ilustre brasileiro, nascido em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, tentei expressar os mesmos sentimentos elevados que norteiam este Congresso. Naquela oportunidade, registrei o exemplo admirável de Chico Xavier, não apenas pela propagação dos ensinamentos de cunho espiritual e doutrinário, como, também, pela sua conduta humana, impoluta e fraterna, dedicada, sobretudo, ao amparo material e moral de tanta gente.

O verdadeiro apostolado de Amor protagonizado por Chico Xavier, que, como poucos, soube aliar a pregação religiosa à vida prática, certamente, é inspiração para enfrentarmos os desafios e as vicissitudes do momento presente, colaborando para a construção de melhores dias para nós e para as futuras gerações.

Sua vida e sua obra orientam os trabalhos deste III Congresso Espírita Brasileiro, mas, além disso, inspiram, nas mais diferentes estâncias da Sociedade, todos os homens e mulheres de boa vontade, comprometidos com o Amor ao próximo, com a diminuição progressiva das desigualdades sociais, com a construção de um Mundo melhor, mais fraterno, mais justo e com o bem comum.

Congratulo-me com os realizadores, organizadores e participantes deste Congresso.

Meus votos são pelo justo e merecido êxito sob as bênçãos de Deus.

Muito obrigado!


(Discurso realizado pelo Vice Presidente da República – José de Alencar por ocasião do III Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília/2010)

Depoimento: Angélica da Costa Maia




Angélica da Costa Maia
Oradora Espírita e Secretária de Comunicação Social do Centro Espírita Augusto Silva – Lavras/ MG


“Eu não quero correr o risco de reduzir o Chico a alguma
emoção minha. Eu quero, agora, esquecer de mim
e ver o Chico como um ser pleno e permanente
na vida de todos nós”.

Wellerson Santos (Wellerson): Os meios de comunicação em massa têm divulgado com ênfase os postulados espiritualistas, abordando, em muitos casos, temas do Espiritismo, mas sem nenhum compromisso com Kardec. Quais são as vantagens e desvantagens de uma divulgação como essa que vem ocorrendo?
Angélica da Costa Maia (Angélica):
Nós podemos ser solidários à toda e qualquer iniciativa que visa a crescimento do ser espiritual. Se há o entendimento do bem, se há um apelo a um progresso unindo razão e coração, nós temos que estimular essas iniciativas.
É claro que não podemos nos esquecer do nosso comprometimento maior que é a divulgação do Espiritismo, codificado por Allan Kardec, mas devemos ser solidários e estimuladores de todos os traços que visem ao bem comum. Isso, também, é nosso dever.

Wellerson: Na sua opinião, qual é a frase que define Chico Xavier?
Angélica:
Plenitude.

Wellerson: Nesses 92 anos de existência de Chico Xavier, qual é o episódio da vida dele que mais marcou a sua vida?
Angélica:
Eu penso que é um conjunto. Eu não consigo ver o Chico Xavier fragmentado. O Chico é um ser que tem um caráter tão permanente nos propósitos superiores que eu acredito que o meu coração sempre se envolveu em todos os episódios da sua vida, todos os que eu tive a oportunidade de conhecer pela leitura de suas biografias, porque eu não tive a alegria de conhecê-lo no corpo físico. Mas a vibração dele envolve a minha vida, de tal forma que eu vejo o Chico como um ser pleno, total, e não quero fragmentá-lo, aqui ou acolá.
Eu não quero correr o risco de reduzir o Chico a alguma emoção minha. Eu quero, agora, esquecer de mim e ver o Chico como um ser pleno e permanente na vida de todos nós.

Entrevista Inédita: André Trigueiro



André Trigueiro
Orador e Escritor Espírita

Wellerson Santos (Wellerson): Segundo os estudiosos, os problemas que temos enfrentado, como o efeito estufa, o aquecimento global e o escasseamento de água, por exemplo, tendem a piorar, se continuarmos com as mesmas atitudes que temos tomado até o momento. Nesta etapa evolutiva da Terra, quando saímos de um Mundo de Provas e Expiações e passamos para um Mundo de Regeneração, como isso se dá em relação aos aspectos ecológicos? Como podemos entender esse processo, analisando aquilo que os estudiosos trazem e o que a Espiritualidade nos informa, sendo o Mundo de Regeneração um Mundo de Paz, de transformação interior?

André Trigueiro (André): É importante não confundirmos Mundo de Regeneração no seu sentido mais elevado, ética e moralmente, com um processo inerente aos ecossistemas do Planeta, às leis que regem a vida na Terra, a esse software inteligente chamado natureza, que independe da evolução moral daqueles que merecerem reencarnar aqui.
Em bom português o que estou querendo dizer é o seguinte: se prestarmos atenção ao que disse Santo Agostinho em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao descrever as diferentes categorias de mundos habitados, a descrição de Mundo de Regeneração é um lugar, onde, ainda, há dor, mas não na forma como a dor e o sofrimento são experimentados no Mundo de Provas e Expiações. Não é um mundo perfeito, assevera Santo Agostinho, e ele alude às questões morais.
Do ponto de vista da saúde ecológica do Planeta a história é outra.
Assim, é possível nós imaginarmos um Mundo mais evoluído ético-moralmente, mas trazendo um legado terrível, de uma conduta não compatível com a reveliência da nossa Casa Planetária. Ela não suporta qualquer tipo de agressão, existem os limites que precisam ser respeitados.
Não respeitar esses limites significa deixar como legado ao Mundo de Regeneração: a poluição do ar, a poluição da água, a desertificação do solo, transgenia irresponsável, produção monumental de lixo, mudança climática, destruição sistemática da biodiversidade e outros fatores, que tornariam esta Casa Planetária hostil à vida, apesar de sua evolução ética e moral.
É uma questão para pensarmos.

Wellerson: Você poderia apresentar uma panorâmica do seu livro: Ecologia e Espiritismo, relacionando-a à obra de Chico Xavier? Como foi esse trabalho?

André: Essa foi a idéia da explanação feita aqui, por mim, neste III Congresso Espírita Brasileiro.
A obra de Chico Xavier, principalmente, por meio dos trabalhos de Emmanuel e André Luiz, abordou muito a configuração da vida no Planeta, a importância de não desrespeitarmos os limites da Terra, sobre como nós e o Planeta nos confundimos.
Em mensagem de André Luiz no livro Ideal Espírita, por exemplo, ele diz que não é possível imaginar a Paz sem que percebamos que estamos dentro de um processo onde todos estão interligados, onde somos todos interdependentes e interagimos o tempo todo.
O Universo é sistêmico, há um conjunto de fenômenos que possui essa característica de um intercâmbio intenso e incessante. Onde a natureza não tem saúde, vitalidade e residência, há escassez. Onde há escassez não há condições propícias à vida. Onde não há condições propícias
à vida, há conflito, há disputa. “Farinha pouca, o meu pirão primeiro”.
A História da Humanidade nos mostra esse tipo de comportamento.
Não é por acaso que, em 2004, o Comitê Nobel, pela primeira vez, conferiu o Prêmio Nobel da Paz a um ambientalista. O que tem a ver meio ambiente e paz? Tudo, tudo a ver.
Quando sobreveio a catástrofe do Furacão Katrina sobre Nova Orleans, foi disparado um alerta para que a população do Sul dos Estados Unidos deixasse a região. Quem não tinha dinheiro, os pobres, e naquela região majoritariamente os negros, refugiou-se em abrigos públicos. Um desses abrigos foi o Estádio de Basquete ou Ginásio chamado Super Dome. A previsão era
apenas passar dois dias ali no Super Dome, só que o furacão destruiu a represa e aquela água fétida do Rio Mississipi inundou Nova Orleans. Dois dias se transformaram em quase duas semanas. Quando começaram os rumores de que faltariam água e comida, não seria possível alimentar a todos adequadamente, o comportamento de vinte mil pessoas dentro desse Ginásio alterou-se significativamente. Tivemos registros de homicídios, suicídios, estupros, barbárie dentro do Ginásio, porque surgiram os rumores de escassez – isso está registrado, aconteceu há seis anos atrás, não mais do que isso.
Nós precisamos saber cuidar para não faltar. Porque onde falta, não é uma regra absoluta, precipita-se uma atenção que não favorece a paz.

Wellerson: Você fez um trabalho inédito dentro da Doutrina Espírita no que se refere à Ecologia. Chico Xavier, também, o fez, mas de forma esparsa, não concentradamente como você. Qual é a postura que devemos adotar em relação ao nosso Planeta? Enquanto espíritas que somos como podemos auxiliar na conscientização das outras pessoas?

André: Isso extrapola o Espiritismo, mas – respondendo à sua pergunta – nós, enquanto espíritas, precisamos ser sustentáveis.
Precisamos consumir com consciência, precisamos prestar atenção no hábito de consumir e não extrapolar o limite do necessário. Está na Lei de Conservação em O Livro dos Espíritos o que é necessário e o que é supérfluo.
Aquele que é consumista e assume ser não está entendendo a Doutrina.
A Doutrina Espírita deixa muito claro que uma característica dos Mundos Primitivos é o apego à matéria.
O consumista o que é? É alguém refém de produtos, de marcas de grife, de acumulação de bens e de posses, de um closet abarrotado de toalhas, de edredons, de sapatos, de roupas. Isto não é, propriamente, até onde eu entendi a Doutrina, uma conduta espírita.
Então, devemos consumir com consciência. Separar o lixo. Nós não podemos deixar como legado, no Planeta em que poderemos reencarnar, o lixo na profusão que produzimos. Reciclar é uma atitude espírita.
Consumir água e energia com ética, porque são recursos invariavelmente finitos.
No momento, não é possível imaginar que nós não tenhamos para com a água uma conduta mais racional. Impedir goteiras, infiltrações e vazamentos; reaproveitar a água da máquina de lavar para múltiplos usos higiênicos, lavando o carro, o chão da cozinha, o vidro; coletar água da
chuva. Nós não fazemos isso por quê?
Esse é o país que tem o maior índice pluviométrico do Planeta. Por causa da bacia do Rio Amazonas, há muita chuva no Brasil. Em países tropicais chove muito. Todas as casas e edifícios têm calhas que vertem a água da chuva direto para o ralo e nós pagamos tarifa de água cada vez mais cara, porque os mananciais estão cada vez mais degradados e o custo do tratamento se eleva exponencialmente.
Então, basicamente, eu acredito que precisamos prestar atenção em hábitos, comportamentos e padrões de consumo. E sermos muito rigorosos em relação a isso, porque errar é humano, mas nós já perdemos o direito de errar quanto a esses aspectos. Não faltam mais informações, não
faltam mais alertas. Diferentes relatórios convergem na mesma direção: se nós não corrigirmos o rumo, há o risco de um colapso.
O colapso seria a incapacidade dos ecossistemas do Planeta de proverem a Humanidade do que ela vem demandando, progressivamente, em termos de matéria prima e de energia.
Agora, não há plano B, não tem outro planeta. Do ponto de vista dos encarnados, não tem arca em que, na hora do abalo, todo mundo pega carona ou possa fugir num rabo de foguete.
Esse é o Planeta que possuímos, essa é a nossa Casa Sideral, e a sua preservação é missão de todo espírita, porque precisamos entender isso como missão. Eu tenho a minha missão, mas conjuguemos isso no plural, porque são várias: ser bom pai, bom filho, bom vizinho, bom profissional e ser uma pessoa que está antenada com as necessidades da sua sociedade e do seu Planeta.
O Planeta está pedindo ajuda, mas o que o espírita está preparado para oferecer?

Encantos e Desencantos

Era domingo de Carnaval, eu me lembro.

Eu havia passado o dia de forma muito feliz. Durante todo o dia estive ao lado da pessoa amada. Que alegria poder compartilhar momentos que ficam marcados em nossa mente para a eternidade!

Tudo ia muito bem, não éramos dados ao Carnaval e já havíamos combinado de ficar juntinhos todo aquele dia.

À noite caiu e percebi que a pessoa começou a ficar incomodada. Sempre saía de perto de mim e regressava sem graça, como se quisesse dizer algo e não tivesse coragem.

Até que percebi que se tratava do telefone celular. Quando esta pessoa estava comigo nunca atendia às chamadas.

Assim como quem não quer nada disse-me que precisava ir embora, era a sua família quem chamava.

Uma leve tristeza e melancolia invadiu o meu espírito e nos despedimos.

Logo que esta pessoa se foi, desliguei os meus aparelhos de telefone, deitei em minha cama e chorei amargamente. Um tormento começou a se apossar do meu ser, um desespero, sair dali, não sei para onde. Fui sendo envolvido por aquele sentimento ruim e, de repente, quando me vi, já estava à porta de casa aguardando um táxi.

Para onde eu iria? Não sei... Só não queria ficar sozinho. Tomei um táxi e me pus a dar voltas nas ruas da cidade sem eira, nem beira, entrava por ruas e ruas, quando avistei certo movimento. Era uma boate, uma casa de shows, sei lá. Apeei do carro, entrei na fila e adentrei o recinto.

O perfume exalava no ar, o cheiro do suor e da bebida se misturavam e as pessoas tresloucadas dançavam ao ritmo da música contagiante.

Pelo menos ali tinha companhia, pensava eu. Pelo menos ali tinha a presença de pessoas mesmo que desconhecidas, já que a pessoa que eu amava não podia estar comigo.

Comecei a me envolver no ritmo, mas tinha vergonha, eram pessoas desconhecidas. Até que me deu uma vontade súbita de tomar algo. Alguma bebida que me pudesse deixar mais animado. Fui ao balcão, pedi ao garçom uma bebida forte, um drink, qualquer um que me animasse. Ele sorriu. Ofereceu-me a especialidade da casa segundo ele e em pouco tempo estava super, super animado.

Do primeiro drink passei ao segundo, ao terceiro, ao quarto e ao final da noite, quase amanhecendo, chegava ao sétimo.

Não me recordo como saí da boate, hoje sim, eu sei, acompanhado, acompanhado por alguns “companheiros” que angariei com as minhas escolhas.

Naquele dia não fiquei com ninguém. Os meus pensamentos eram apenas em uma pessoa. Adentrei o táxi, pedi ao motorista para me levar a uma estrada mais próxima, fora da cidade. Ele achou estranho, mas eu estava pagando, era o seu dever. Levou-me para uma rodovia. Pedi para parar, desci do carro depois de pagar a corrida e então ele se foi.

Eu caí dentro de mim mesmo e comecei a chorar convulsivamente. À minha frente havia um despenhadeiro. Eu estava zonzo, a cabeça tumultuada, e a mente na pessoa amada. Onde estaria? Estava com as suas escolhas.

E, então, tomado de um esturpor, eu me atirei. Atirei-me no desfiladeiro e pensava tudo ter terminado.

Uma dor inenarrável, maior do que a que eu sentia invadiu o meu espírito e eu levantei do chão.

Impossível, eu estava vivo, era um milagre! Comecei a agradecer a Deus quando me vi caindo do desfiladeiro, o vento arrebentando os meus pulmões e a pancada nas rochas pontiagudas abaixo. Quando, então, fui tomado de espanto. Meu corpo estava ali, ensanguentado, quebrado e destroçado, e eu estava vivo. Não podia ser!

Eu fui tomado de desespero. Minhas mãos estavam sujas de sangue, minha boca destroçada, a cabeça doía como nunca, quando me recordei da pessoa amada.

Foi incrível! Eu fui transportado e lá estava em seu quarto. A pessoa dormia como um anjo. Eu tentei tocar, acarinhar, mas um largo abismo nos separava. Eu urrava como um animal. A dor verdadeira era aquela. O que tinha feito da minha vida? Acabei com ela em um segundo.

O meu corpo demorou para ser descoberto e eu acompanhei todo o féretro. Enterreram-me. Aliás, enterraram-me vivo, porque eu sentia tudo. O peso da terra, os vermes me devorando pouco a pouco, o meu corpo virando podridão. Quanto sofrimento!

Não sei dizer ao certo quanto tempo passou, dias, meses ou anos, até que recebi a visita de um ilustre desconhecido que me convidou para seguí-lo.

Eu fui, não o conhecia, mas era uma companhia. Me sentia sozinho. Eu fui e amparado estou.

Hoje, passado tanto tempo, continuo a sentir as sequelas do meu ato, mas como é Carnaval na Terra e sei que a história pode se repetir em algum canto ou lugar, pedi para escrever, relatar a minha história destituída de qualquer lição senão aquela mensagem do que não se deve fazer.

Obrigado aos corações amigos pela acolhida e pelas boas vibrações...

Um abraço fraternal,

J. S. C.

(Mensagem psicografada pelo médium e orador espírita Wellerson Santos no dia 06 de março de 2011)