Caravana: Fraternidade sem Fronteiras


No período de 15 a 29 de abril de 2015, estivemos em viagem junto a Moçambique, África Subsaariana, em caravana pelas quatro unidades do Projeto Fraternidade Sem Fronteiras (www.fraternidadesemfronteiras.org.br), em trabalho de capacitação dos monitores do projeto para a divulgação do Evangelho entre as crianças órfãs amparadas pela ONG de Campo Grande/MS.
Naqueles dias, tivemos a oportunidade de constatar com os nossos olhos a dura realidade vivida por crianças e idosos residentes nas zonas rurais de Moçambique, distantes da capital federal Maputo, mas, sobretudo, pudemos fortalecer a certeza da seriedade do trabalho realizado pelo Projeto Fraternidade Sem Fronteiras e da importância de tornar a sua proposta cada vez mais conhecida, a fim de que outros corações possam ser motivados a apadrinhar órfãos e as possibilidades de auxílio sejam cada vez mais alargadas, em favor da construção de um Mundo mais feliz para todos.
Por isso, compartilhamos algumas fotos a fim de que a candeia acesa pelos companheiros de ideal cristão seja colocada cada vez mais alta e que o fermento do amor semeado por eles possa levedar no coração de todos, brasileiros ou não, que ainda não se sentiram tocados pelo amor em ação entre os mais necessitados.
Aproveitamos também para divulgar o trabalho realizado junto a União Espírita de Moçambique, localizada na capital Maputo.



Em Maputo - Capital de Moçambique




Iniciamos as atividades de estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita na Capital Maputo. O orador e médium Wellerson Santos foi entrevista pela Rede de Televisão Moçambicana e logo depois realizou uma palestra junto a União Espírita de Moçambique, onde moçambicanos e brasileiros se unem para semear consolo aos corações.
Na televisão o orador falou a respeito da Influência dos Espíritos em nossas vidas e na instituição espírita sobre o tema Mediunidade e Obsessão, convidando o público presente a refletir sobre a influência dos espíritos em nossas vidas, as referências ao assunto no Evangelho e o quanto a mediunidade está presente no dia a dia de todos.
O orador abordou também a questão dos fenômenos coletivos como os que estão acontecendo com as adolescentes de escolas moçambicanas e colombianas, que tem apresentado desmaios coletivos e a Medicina não identifica a causa fisiológica. “Não podemos afirmar sem conhecer o fenômeno de perto, mas a hipótese, já admitida por muitos dos próprios moçambicanos, que possuem viva na cultura local a ideia da influência dos espíritos, sugere que sejam casos denominados por Kardec como obsessões coletivas, explicadas à luz da razão” – asseverou Wellerson.


Chegada em Muzumuia






A primeira unidade do Projeto a ser visitada por nossa caravana foi Muzumuia, localizada em uma aldeia da cidade de Chókwe. Árvores seculares, em um areal que sustenta várias edificações feitas de caniço, formam a estrutura simples que acolhe cerca de trezentas e cinquenta crianças em atividades pedagógicas, alimentação, lazer, fortalecimento da cultura local, canto, dança e muito amor dedicado pelas monitoras do projeto, dentre os quais já estão jovens que foram crianças auxiliadas pela Fraternidade sem Fronteiras.
Ao fundo da área, esta erguida uma construção nova que abrigará uma padaria, a ser inaugurada em breve, com a finalidade de, a exemplo do que pudemos ver na Mansão do Caminho em Salvador, atender às crianças do projeto, mas também de gerar renda e emprego para a comunidade local.


Encontro Ecumênico em Muzumuia





O início dos trabalhos em Muzumuia foi marcado por um culto ecumênico, com a presença dos líderes religiosos locais de quatro denominações diferentes, regado a um surpreendente canto cristão africano e a fala emocionada dos representantes em torno da II Carta de Paulo aos Coríntios – “Sem amor eu nada seria”. O orador espírita Wellerson Santos contou a Lenda das Três Árvores, psicografia de Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Irmão X. E a reunião foi encerrada com uma refeição temperada com muita fraternidade.



Capacitação dos Monitores em Muzumuia





Nos dias subsequentes, reunidos os monitores, ora sob a proteção das árvores, ora sob o teto da futura padaria, foi realizado um trabalho de capacitação baseado no ludismo e práticas de evangelização sem fronteiras, com o fornecimento de material pedagógico para o fortalecimento do sentimento cristão universal no coração das crianças.




Em Chimbembe!



Após dois dias de trabalhos junto as crianças de Muzumia, a caravana tomou o transporte em direção a região mais isolada de Chókwe, onde foi necessário passar a noite em barracas de camping. Atravessando estradas em areais em trechos de difícil transposição, pela savana africana, chegamos a Chimbembe, onde foi realizado o trabalho de capacitação com os monitores, após a recepção, por dois dias.

Ao chegar, a caravana foi recebida com canto típico africano e dança das crianças que demonstraram a riqueza da cultura local e a sensibilidade do Projeto Fraternidade sem Fronteiras de estimular nas crianças a valorização de sua própria cultura.






Encontro Ecumênico em Chimbembe...



Durante o encontro ecumênico, as crianças encantavam a caravana por permanecerem por largo tempo assentadas em silêncio, aguardando ordenadamente o desenrolar das atividades de recepção.
 Os líderes das aldeias próximas puderam dar as boas vindas à caravana e Wellerson teve a oportunidade de contar a história de Ruth Stalth, falando da janela da tristeza e da alegria, adaptada a realidade do continente africano.

“Estamos muito felizes de estarmos aqui, recebendo o carinho de todos, vendo o quanto são bonitas as crianças deste lugar e de como estão bem cuidadas pelas monitoras e coordenadores locais.” – Wagner Moura, coordenador da Caravana e do Projeto.


Em Chimbembe!


Durante a noite, após o banho de caneca e água aquecida na lenha, o jantar típico, sob a proteção de um céu salpicado de estrelas, a caravana reuniu-se para escutar histórias, falar o que viesse ao coração e compartilhar as impressões mais sinceras a respeito do trabalho.
O Wellerson relembrou uma das histórias de Cronin, que escreveu sobre a história de uma família de três irmãos que lutava bravamente para sobreviver às dificuldades da Itália do pós-guerra.
“Ao visualizar estas crianças mal saidas da primeira infância, carregando nas costas as irmãs menores, amarradinhas em capulanas, lutando por superar suas adversidades, podemos sentir o que representa o trabalho de auxílio que a Fraternidade sem Fronteiras representa” – disse o orador.
De repente, um canto desafinado, em um misto de emoção e de perplexidade, iniciou-se baixinho, com os seguintes dizeres:

Nunca pensei que fosse assim.
Tanta pureza no olhar.
Algo brilhou dentro de mim
Quando me vi neste lugar.
Tanta criança, tanto amor.
Melhor ensancha de ajudar.
Fraternidade está aqui.
Chimbembe é o nome do lugar.

Só com Jesus o amor venceu
E a Humanidade descobriu
Todos filhos do mesmo Pai
De Moçambique ao meu Brasil.
Tanta criança, tanto amor.
Melhor ensancha de ajudar.
Fraternidade está aqui.
Chimbembe é o nome do lugar.

(Autoria: Charles Alexandre Simões Pires)





Em Barragem!



De Chimbembe, retornamos a Chókwe, para então irmos à Barragem, a primeira unidade criada pela Fraternidade sem Fronteiras, em Moçambique.

Em Barragem, foi realizado o trabalho de reciclagem dos monitores para a evangelização, ao lado do poço de água que abastece a unidade. O poço de Jacó, onde um homem chamado João, habilidoso artesão, padeiro, carpinteiro, pastor, pai e cantor, de pele africana, boné colorido do Projeto e sorriso nos lábios, permanecia recolhendo água constantemente para suprir o escovódromo, onde centenas de crianças após as refeições eram levadas para a higiene bucal – outra vertente do trabalho realizado pela organização.



Era pura alegria em Barragem!


 Por dois dias permanecemos juntos aos jovens e crianças auxiliados
pelo Projeto, enquanto agigantava-se, cada vez mais, a certeza de que quem tinha a aprender éramos nós da caravana. Crianças que viviam com tão pouco, a maioria orfãs, tinham o sorriso nos lábios, a mansidão nas atitudes, a paciência e a resignação e, sobretudo, a disposição para o auxílio mútuo. Uma disciplina espontânea que deixava a todos perplexos.


Doações nas aldeias





Em cada aldeia foram inauguradas pequenas brinquedotecas coletivas, biblioteca de livros infantis, material para evangelização em língua portuguesa, além de distribuídos pijamas, colchas, palitós, sapatinhos, bonecos confeccionados por confrades brasileiros. Tudo doado com muito amor em favor das crianças.





Inauguração: Cuacuene


Tivemos a alegria de estar presentes na inauguração da mais nova unidade do Projeto Fraternidade Sem Fronteiras, em Cuacuene.


Capacitação dos Monitores - Cuacuene


Uma unidade da organização não governamental, denominada Reencontro que auxiliava uma comunidade isolada chamada Cuacuene, havia sido desativada por falta de recursos para manutenção.
A partir de uma parceria entre a Fraternidade sem Fronteiras e a Reencontro, o auxílio às crianças foi reestabelecido, com a reativação da unidade e o cadastramento das crianças em situação de orfandade ou de vulnerabilidade social mais grave, a fim de que, por meio de novos apadrinhamentos, fosse possível dar sequência ao trabalho já iniciado pelas trabalhadoras da Reencontro.

Ali também foi realizada a capacitação para a implantação da evangelização sem fronteiras, além da estruturação feita nas mesmas bases das demais unidades do projeto, que buscou aproveitar as monitoras que já trabalhavam corajosamente na comunidade, sob os muitos pés de cajueiro e a grande incidência de malária na área, que so é acessível por veículos quatro por quatro e é muito distante da cidade.